Gergin Ginecologia

Gergin Ginecologia

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Cuidados com hidratação e alimentação são fundamentais

Durante o voo, levantei inúmeras vezes para caminhar e ir ao toalete, e sempre aproveitava para pedir um copo de água aos comissários de bordo. Hidratação é fundamental, pois o ambiente dentro da aeronave é muito seco. Ah, e coloquei na bolsa umas barrinhas de cereal sem glúten, caso o lanche do avião demorasse e eu sentisse necessidade de comer uma coisinha. Outras coisas importantes são colocar o cinto de segurança abaixo do ventre e manter a mesinha fechada entre as refeições.

Na viagem como um todo, procurei me alimentar bem. É sempre mais difícil do que quando se está em seu país e perto da sua própria geladeira, mas tentei fazer de cinco a seis refeições ao dia. Até porque, se não fizesse, me sentia mal, com fraqueza e mal-estar. E levava sempre uma garrafinha de água na bolsa e alguma barrinha de cereais ou bombom para uma emergência.

Em viagens, sempre caminho muito – ainda mais em uma cidade tão bonita como Barcelona e as outras que visitei ao sul da Espanha. Mas não dá para esquecer minha condição! Mesmo me sentindo super bem disposta, sem nenhum incômodo, procurava descansar um pouco, de uma a duas vezes ao dia, em torno de 30 a 40 minutos, com as pernas elevadas.

Como estou em uma fase em que o bebê já mexe, utilizei este parâmetro para ter certeza de que estava tudo bem durante toda a viagem. Bebês mexem mais principalmente após as refeições, quando recebem um grande aporte de energia. Então, ficava atenta nesses momentos. E acho que o Pedrinho adorou a Espanha, pois mexeu muito!!!

Abaixo, algumas fotos que tirei na viagem:

   

Eu e o maridão, o médico intensivista Fabio Giannini






 
Fachada do Hospital Universitario Reina Sofía, em Cordoba (Espanha), onde fiz o curso de aperfeiçoamento para colocação do dispositivo

 




Durante o curso, com a equipe do professor doutor Arjona



Radiografia da pelve de uma mulher que foi submetida ao procedimento de esterilização definitiva por histeroscopia. A chapa foi feita três meses após a colocação, para verificar se estava tudo ok. Repare que os dispositivos (esses dois "fios", um em cada trompa) ficam em destaque na região pélvica



Junto ao setor de histeroscopia do hospital





Olha só nos três passeando pela Plaza de España, em Sevilha

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Tarefa difícil: arrumar a mala

Fazer a mala... muito difícil, pois a maioria das minhas roupas já não cabe e não quero renovar o guarda-roupa inteiro por conta de apenas nove meses. Então, acabei comprando algumas roupas básicas e chaves em uma loja de moda gestante, e coloquei na mala muitos acessórios, como colares, que mudam o visual. E apenas sapatos sem salto... Confesso que coloquei um saltinho médio para alguma ocasião mais formal, já que, afinal, participaria de eventos profissionais.

Comprei também duas meias de compressão específicas para gestante (que não apertam a barriga), para usar no avião durante os voos de ida e volta. O ideal seria usar todos os dias, mas confesso que elas são bem desconfortáveis, além de bastante quentes. Então, só as utilizei durante os voos. Mas, para muitas futuras mamães que acompanho no pré-natal – principalmente aquelas que já sofrem com varizes ou que estão acima do peso –, recomendo o uso diário, pois o risco de trombose pode ser maior. Portanto, quando o assunto é meia elástica, é sempre importante discutir com a sua obstetra durante a consulta de pré-natal qual e quando deve usar.

Não deixe de levar também: carteirinha de pré-natal na bagagem de mão ou atestado médico com dados essenciais da gravidez, como idade gestacional, partos anteriores, laudo de ultrassom e tipagem sanguínea, alergias a medicamentos etc., além dos seus medicamentos de uso pessoal, como a vitamina e outros que, por ventura, esteja usando. É recomendável fazer uma refeição leve antes do embarque. Até porque grávida não deve ficar mais de três horas sem se alimentar!

No próximo post, conto sobre como foi a viagem. Até lá!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Viagem de gestante requer uma série de cuidados



Estive na Espanha para o Congresso Europeu de Endoscopia Ginecológica em Barcelona e em um curso na Universidade de Córdoba, para aperfeiçoamento da técnica de colocação do dispositivo em forma de uma “molinha” que se introduz nas tubas por histeroscopia, para esterilização definitiva – uma alternativa excelente para a laqueadura, já que não requer nenhum corte, nem mesmo anestesia ou internação. Mas não é sobre o dispositivo que eu gostaria de falar hoje. Afinal este é um espaço para quem está formando a família ainda, certo?

Pois bem. Uma viagem para uma gestante requer alguns cuidados, desde a programação. O primeiro é saber se você pode ou não viajar, e essa decisão deve ser tomada em conjunto com seu médico. Em geral, nos casos em que a gravidez se desenvolve sem intercorrências, não há restrições para voos. Na maioria dos casos, gestantes de alto risco – portadoras de pressão alta, diabetes, anemia falciforme, entre outras patologias – podem ter suas viagens contraindicadas pelos seus médicos durante toda a gravidez.

O ideal é não viajar no primeiro trimestre da gestação nem no último – ou seja, o melhor período é entre a 14ª semana e a 27ª. O primeiro trimestre é quando ocorrem os enjoos, e há maior risco de abortamento. Após a 27ª semana, a barriga já está grande e, portanto, há maior desconforto e chances de intercorrências, como rotura prematura da bolsa e trabalho de parto prematuro.

Mas, mesmo no segundo trimestre, é sempre bom conversar com seu médico antes de comprar as passagens. E é sobre esses cuidados que eu quero falar. No meu caso, ainda antes de viajar, me preocupei com um seguro de saúde internacional, já que o meu tem abrangência nacional. Alguns cartões de crédito oferecem este serviço, porém, como não era o meu caso, procurei outro e anotei todos os telefones e demais contatos que podia precisar, colocando todos os comprovantes em uma pasta junto com voucheres de hotéis e passagens.

Como tenho intolerância ao glúten, entrei em contato com a companhia aérea para reservar dieta especial para ida e volta, e aproveitei e informei minha situação de gestante para que, se possível, fosse colocada numa poltrona de corredor e mais à frente, onde há mais espaço para as pernas. O corredor é preferível, pois nós, gestantes, temos vontade de ir ao banheiro infinitas vezes e também devemos caminhar regularmente durante o voo para uma melhor circulação sanguínea.

No próximo post, vou falar especificamente sobre a arrumação das malas, o que não é nada fácil!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Hidratação da pele na gestação

Sempre tive essa preocupação, mesmo antes de engravidar, pois tenho a pele muito seca. Então, logo que soube da gestação, agendei uma consulta com meu dermatologista. Por mais que faça parte do meu trabalho de obstetra orientar as gestantes sobre o assunto, sempre digo a elas para procurar um dermatologista também – ele é especialista em pele e, portanto, é o profissional mais indicado.

Após me consultar com ele, o que estou fazendo para me cuidar e manter a barriga bem hidratada é usar um óleo próprio para gestantes durante o banho. Em seguida, depois de me secar, aplico cremes antiestrias próprios para gestantes, de manhã, e à base de manteiga de Karitê, à noite, que hidratam profundamente. Também os utilizo no bumbum e nas coxas. No restante do corpo, aplico cremes hidratantes normais, mas também específicos para gestantes.

No rosto, utilizo um creme oil free, com fator de proteção 30. Como tenho a pele morena, antes da gestação utilizava fator 15, mas, durante a gestação, sofremos uma hiperpigmentação da pele, que é mais evidente no rosto e na linha no meio da barriga. Então, optamos por aumentar a proteção.

E não podemos esquecer das mãos! Como as lavo várias vezes ao dia e utilizo luvas que contêm talco, minhas mãos ficam muito ressecadas. Então, a cada lavagem, procuro utilizar um hidratante próprio, também com fator de proteção solar.

Ando brincando que estou me sentindo uma coxinha bem oleosa... Mas é o preço que se paga e acho que vai valer a pena!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Varizes na gestação

Essa é outra grande preocupação de nós, futuras mamães. O hormônio estrogênio e outros fatores, como o aumento do volume sanguíneo e a pressão dos vasos das pernas e do útero, são os responsáveis por causar a distensão vascular e, ainda, a instabilidade e proliferação de vasos sanguíneos durante a gravidez.

O fator genético também é importante. Então, saber se sua mãe teve muitas varizes durante a gestação é uma boa dica. A boa notícia é que, usualmente, regridem após o parto – a maioria (90%) regride três meses após o parto. Porém, alguns vasinhos persistentes terão que ser tratados pelo médico cirurgião vascular depois desse período.

Além das varizes e dos vasinhos nas pernas, as hemorroidas são mais freqüentes na gravidez, mas essas, pelo menos, costumam incomodar apenas no período final.

Portanto, é melhor prevenir!!! Veja algumas dicas:

- Elevação das pernas: Costumo chegar em casa e ficar meio sentada, com as pernas apoiadas sobre um monte de almofadas. Assim, elas ficam pelo menos uns 45º elevadas, por uns 30 minutos. Deveria fazer isso mais vezes ao dia, mas, infelizmente, ainda não consigo por causa do trabalho.

- Usar meias de compressão diariamente: Agora que o clima está esquentando, vai ficar mais difícil, mas é um sacrifício que acredito que valerá a pena. Existem meias de compressão próprias para gestantes, que não apertam a barriga e têm intensidades de compressão diferentes. Mas só a sua obstetra poderá definir qual é a melhor para você.

- Dormir do lado esquerdo: Nem preciso dizer que dormir de bruços ou de barriga para cima começa a ficar impossível depois de três meses. Então, dormir de lado é o que resta. Sempre é bom dar preferência para o lado esquerdo, porque, assim, ajudamos a deixar a veia cava – que é das mais importantes do nosso corpo – livre para a circulação de sangue.

- Praticar exercícios: Eu já praticava corrida e ioga antes da gestação. Então, mantive a ioga e troquei a corrida pelas caminhadas, três vezes por semana.

- Evitar longos períodos em pé ou sentado: Como trabalho muito em pé, durante cirurgias, por exemplo, tento movimentar meus pés e pernas, mesmo estando parada num mesmo lugar. Se você trabalha sentada, tente sempre dar uma levantada e esticar o corpo de vez em quando.

- Alimentação e hidratação: O intestino tende a ficar preguiçoso na gestação. Por isso, nessa fase, é importantíssimo tomar água e manter uma dieta rica em fibras, com frutas e saladas, para ajudar a prevenir inconvenientes hemorroidas no final.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

De dieta. Hora de ir à nutricionista!

Um pouco antes da gestação descobri que sou portadora de doença celíaca, aquela doença em que a pessoa não pode comer nada que contenha glúten. Mesmo não tendo sintomas evidentes do problema, como diarréia e anemia, entre outros, fui orientada pelo colega gastroenterologista (médico especialista no sistema digestivo) a seguir uma dieta. É que a doença poderia evoluir durante a gravidez e isso traria alguns problemas, como restrição de crescimento para o bebê, pois meu intestino não conseguiria absorver corretamente os nutrientes.

Agora, imagine de um dia para o outro não poder mais comer nada que contenha trigo, cevada e centeio! Para uma pessoa que passa o dia trabalhando fora de casa, que não conseguia ter uma alimentação muito regrada, mesmo sendo profissional de saúde, não poder comer pães, massas em geral, bolos, tortas, muitos iogurtes e tantos outros produtos... se tornou um desafio.

Vem a gravidez, e o problema agora não é mais só meu: há um bebezinho que depende de exatamente tudo o que eu como. Não posso negligenciar isso. Então, opto por realizar a dieta à risca, durante a gestação.

Preciso de ajuda!

Hora de ir à nutricionista!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Quando a obstetra engravida

Escolhemos nossas profissões de acordo com nossas afinidades, aptidões. Não foi diferente comigo. Sempre gostei do universo feminino. Não apenas por ser mulher, mas por sermos capazes de gerar outro ser. Sou obstetra, cuido de mulheres grávidas todos os dias desde que me formei médica, em 2003.

Mas, agora que estou grávida, me vejo dentro de um mundo que conheço muito bem na teoria e na pele de outras pessoas. Na prática, está sendo um dia a dia de descobertas de sensações e emoções que resolvi compartilhar como uma mulher grávida que tem por profissão cuidar de grávidas.

De médica a paciente

O pré-natal é o acompanhamento médico durante toda a gestação. Idealmente, deve ser iniciado até antes mesmo da gestação, para uma programação sadia. Todos os dias, as pessoas me perguntam sobre o meu pré-natal. Elas têm curiosidade em saber se eu estou fazendo, se não é estranho – já que faço o pré-natal para tantas mulheres como obstetra e já saberia todas as informações a respeito.

É verdade que não se trata de um pré-natal comum. Afinal, eu realmente já sei quais exames mulheres grávidas devem realizar e quando, que vitaminas devem tomar e muitos dos riscos (o que é o mais assustador, quando se trata da gente). Mas o envolvimento emocional exige que eu tenha um acompanhamento médico profissional. Outro motivo é porque quero curtir esse momento em todas as suas nuances.

Escolhi um colega em quem confio e admiro. Eu o visito regularmente, tiro minhas dúvidas, troco opiniões e aprendo a cada consulta com suas experiências. Quando estou lá, sou paciente – uma paciente bem informada, é verdade. Mas uma paciente que escuta e segue as orientações.