Gergin Ginecologia

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sábado, 1 de abril de 2017

Mulheres que fazem sexo com mulheres também podem ter DST



Pessoal,

O mês da endometriose e da mulher acabou. Gostaram dos posts das redes sociais? Contem para mim!!! E quem não conseguiu acompanhar, corre lá, porque tem muita informação bacana!

Mas não é porque março acabou, que vamos deixar de falar de temas relevantes para saúde da mulher. Para começar abril, um tema que gera muitas dúvidas!!! E que sempre envolve tabus. Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres que fazem sexo com mulheres.


Os dados científicos sobre o risco de DST – doenças sexualmente transmissíveis- entre mulheres que fazem sexo com mulheres são limitados. Existem muitos fatores que podem influenciar o risco de transmissão  nesse grupo, incluindo o tipo de exposição associado a história de sexo com homens.

A primeira atitude positiva que a ginecologista, qualquer profissional de saúde e todas as pessoas precisam ter para cuidar dessas mulheres ou se relacionar socialmente, é não rotular. Precisamos entender, respeitar e acolher mulheres que fazem sexo com outras mulheres igual fazemos com mulheres que fazem sexo com homens ou mulheres que não fazem sexo, respeito é bom e todo mundo gosta, né?Precisamos deixar de querer escolher necessariamente um termo na tentativa de definí-las. A mulher é quem deve escolher se quer ser definida como homossexual, lésbica, bissexual, qualquer outro nome ou nenhum nome simplesmente. Muitas dessas mulheres terão sexo com outras mulheres durante um período da vida apenas, outras uma vez na vida ou terão sexo apenas com mulheres sempre.

Essa população está deixando de receber informação de qualidade sobre seus riscos de contrair doenças e como se prevenir, simplesmente porque há preconceito demais, tabus demais.

82% das mulheres que tem sexo com mulheres já transaram com homens em algum momento, geralmente a sua primeira vez foi com homem e até 30 % continuam tendo relações com homens, mesmo que eventualmente. É importante que a ginecologista questione isso na consulta para estabelecer o risco dessa mulher para as demais DST como HIV/Aids, que é uma doença mais provável em sexo com homem do que mulher -mulher.

Mulheres que fazem sexo com mulheres e transam, mesmo que eventualmente com homens, tem mais risco de DST como clamídia, HIV e gonorreia do que as que tem apenas sexo mulher-mulher.

Mas mesmo as que  se auto-definem como lésbicas ou homossexuais exclusivas, é preciso ficar atento, pois algumas podem não saber se a parceira também transa apenas com mulheres ou se transa com homens também.


Atividades sexuais comuns entre mulheres que fazem sexo com mulheres incluem sexo oral(Boca à vagina), masturbação, penetração  vaginal com dedos, uso de brinquedos sexuais e genital para genital. Outras práticas podem incluir penetração anal com os dedos, fisting (mão à vagina) e rimming (Boca ao ânus)

Poucos estudos avaliam as taxas de DST causadas por diferentes práticas sexuais neste grupo de mulheres. Essas práticas podem expor essas mulheres ao sangue ou às secreções orais, vaginais, cervicais ou anais se proteção não for usada. Algumas atividades aumentam o risco de DST entre mulheres que fazem sexo com mulheres, incluindo sexo durante a menstruação, compartilhamento de brinquedos sexuais, sexo oral e rimming ( boca ao ânus).

Os brinquedos sexuais como vibradores ou dildos são comumente usados por mulheres que fazem sexo com mulheres, com uma frequência variando de 45-69% . O uso do vibrador tem sido considerado controverso em comunidades lésbicas .Dildos são vistos como representações do pênis e algumas mulheres podem não querer usar brinquedos sexuais para penetração vaginal.

Profissionais de saúde devem ter cuidado como questionam essas mulheres sobre a penetração vaginal, porque não se deve assumir que o uso de dildos é uma prática que todas as mulheres empregam. ( mas não é deixar de perguntar, porque precisamos o máximo para tentar orientar da melhor maneira possível!)

Existem vários métodos que podem ser usados para reduzir a propagação de DST.

Higiene dos brinquedos:
De acordo com esse estudo:

22% das mulheres que compartilhavam brinquedos com outras mulheres, nunca😳 os lavaram antes de compartilhar
31% lavava ocasionalmente
47% lavava sempre.👏🏽👏🏽

Um outro estudo realizou grupos de discussão com 23 mulheres bissexuais de 18 a 29 anos, que relataram usar uma variedade de métodos para limpar os brinquedos antes do uso. Métodos incluíram lavagem, fervura e esfregar, além de uso de álcool.

Nenhuma das participantes lavava os brinquedos sexuais durante o sexo, e os brinquedos eram frequentemente usado na vagina de uma parceira e depois na da outra. Algumas mulheres sentiram que a limpeza de brinquedos sexuais quebrava o clima. Identificaram também que a maioria das participantes não usaria preservativos em brinquedos sexuais, alegando que isso quebraria o clima também.  Gente, o que quebra o clima é ficar doente, certo?

O que a literatura médica sugere, mesmo havendo poucos estudos é:


-Compartilhamento de Brinquedos sexuais sem lavá-los entre o uso em cada parceira e não usar preservativos nos brinquedos sexuais pode aumentar o risco de transmissão de DSTs de secreções vaginais e cervicais – EX: vaginose, tricomoníase, gonorreia. 

A literatura destaca que as mulheres que têm relações sexuais com mulheres precisam levar a sério o ato de lavar brinquedos sexuais entre o uso em cada parceiro e não apenas antes do uso.  A opção alternativa sugerida é que cada parceira poderia ter um brinquedo sexual, em vez de reutilizar o mesmo brinquedo entre si. Incentivar as mulheres a usar preservativos nos brinquedos sexuais também poderiam reduzir o risco de DST do tipo corrimentos. Mas aí, precisa trocar o preservativo antes de colocar na parceira, ok?

O sexo oral é comum entre as mulheres que fazem sexo com mulheres, mas um estudo Identificou que 86% das mulheres nunca usou barreiras de látex conhecidas como dental dams. Que são super difíceis de encontrar. E muitas acham que o sexo não é igual, há perda de sensibilidade. Sim, concordo que deve ser mesmo menos legal. Mas é melhor que ficar doente ou transmitir doenças, né? 
Olha o Dental Dam  na foto abaixo (imagens da internet). E poderíamos substituir por papel filme, sabe aquele que usamos para embalar alimentos? Gente, não é para rir!!! É sério, ok? Isso pode evitar muitos problemas, alguns bem sérios!



A  utilização de tais barreiras para o sexo oral evitaria transmissão de DST como herpes que se manifestam como úlceras com bolhas, bem doloridas. O vírus herpes simples  pode ser transmitido durante o sexo oral aos genitais. 
Recomenda-se uma maior ênfase na educação sobre o possível risco de transmissão do herpes as parceiras. E se estiver com as lesões não transe até melhorar!E procure sua ginecologista!!

Mulheres que fazem sexo com mulheres tem mais chances de apresentarem vaginose bacteriana, que é uma doença que se apresenta como corrimento fétido e que pode facilitar outras DST como doença inflamatória pélvica causada pelas bactérias clamídia e a gonorreia.

 A chance de contrair herpes é alta, já que o herpes é comumente associado ao sexo oral e esse grupo geralmente pratica muito sexo oral.
Outras DST que se manisfestam como corrimentos fétidos, tais como a tricomoníase também são frequentemente encontrados nessas mulheres. Podendo ser transmitido apenas pela masturbação mútua, sem haver necessidade de genital com genital necessariamente.

Infecções pelo HPV, especialmente as verrugas genitais, são bastante frequentes nessa população. Além de sífilis que está por aí em todas os níveis sócio-culturais.


Então, se cuidem!! Usem preservativos, lavem os brinquedos, lavem as mãos, usem essas membranas e visitem a ginecologista regularmente para rotina e sempre que apresentarem sintomas. Lembrando que muitas dessas doenças as parceiras e parceiros também precisam ser tratados ao mesmo tempo. Por isso, é importante que parceiros sejam informados e também procurem atendimento médico. 

Gostaram? Se sim, curtam, compartilhem! E um ótimo final de semana!! De muita luz! 

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