Gergin Ginecologia

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segunda-feira, 13 de março de 2017

Endometriose suas teorias e a adolescência

Olá pessoal, 

Mais um texto sobre endometriose. Este sobre endometriose e adolescência e um pouco mais sobre as teorias sobre a endometriose.  Vamos lá?

Quem está acompanhando os posts aqui do blog e também das outras redes este mês já aprendeu o que é endometriose, certo? Só lembrando... é uma doença em que tecido endometrial ( que reveste internamente o útero) se gruda em outros locais causando inflamação. 

 A quantidade de mulheres que têm endometriose na população geral não é conhecida ao certo. As estimativas variam dependendo da população estudada ( com sintomas ou assintomáticas) e do método de diagnóstico (clínico ou cirúrgico). 


Fiquem atentas a esses números. São assutadores!!!
A doença foi relatada em 25 a 38 % das adolescentes com dor pélvica crônica

E 47% daquelas com dor pélvica crônica que se submetem a videolaparoscopia A ocorrência de endometriose entre as adolescentes submetidas à videolaparoscopia para dor pélvica que não melhorou com pílulas anticoncepcionais orais e  analgésicos anti-inflamatórios(AINEs) é de 50 a 70 %.

Dois terços das mulheres adultas com endometriose relatam que seus sintomas começaram antes dos 20 anos de idade. 

Embora antes se acreditasse que endometriose se manifesta apenas após muitos anos de menstruação, isso era incorreto: casos sintomáticos foram documentados antes da menarca - primeira menstruação da vida- em meninas que têm algum desenvolvimento mamário, e outras logo após a menarca.

Algumas adolescentes podem ter uma predisposição genética para desenvolver endometriose. Isso tem sido mostrado em alguns estudos. 

Como eu também venho escrevendo e falando durante este mês. Muitas teorias têm sido propostas para explicar a causa da endometriose. Nenhuma teoria explica todos os casos, mas todas as teorias ajudam a explicar alguns aspectos da doença. Isso não é diferente para as adolescentes. 



Algumas teorias são propostas:


● A teoria da implantação ou da menstruação retrógrada sugere que o tecido endometrial do útero é derramado durante a menstruação e transportado através das trompas de Falópio, obtendo acesso e grudando nas estruturas pélvicas.
Esta teoria é apoiada pela observação de que a endometriose ocorre mais comumente nas áreas próximas ao útero, como trompas, ovários, bexiga e intestino, além do peritôneo - revestimento da barriga por dentro. 

Além disso, as malformações congênitas obstrutivas do trato genital feminino, ou seja, quando a menina nasce com uma malformação no útero ou colo do útero ou vagina e quando começa a menstruar nem todo o sangue menstrual que é formado consegue sair, fica preso, o que aumenta o fluxo retrógrado. Deu para entender ou ficou confuso?😬 

Essas condições têm sido associadas à endometriose na população adolescente!
A correção cirúrgica deste tipo de anomalia obstrutiva faz parte do tratamento da endometriose nesses casos, que felizmente são raros. 

● A endometriose em locais fora da pelve poderia ser explicada pela disseminação de células endometriais ou tecido através de vasos linfáticos e vasos sanguíneos.

● A teoria da metaplasia celômica propõe que existem células indiferenciadas capazes de se transformar em tecido endometrial em lugares diversos do corpo. 

● A teoria de transplante direto é a provável explicação para a endometriose que se desenvolve em episiotomia e outras cicatrizes cirúrgicas.

● A teoria da imunidade celular, que é a hipótese proposta mais recentemente, sugere que uma deficiência na imunidade celular permite que apareça tecido endometriótico.


 Por isso, é importante que todos valorizem as queixas nesta faixa etária para que possamos fazer diagnóstico  e início do tratamento o mais rápido possível. Se você, sua amiga adolescente, sua filha, neta ou qualquer mulher do seu circulo de relacionamentos reclama de cólicas todos os meses, tente achar espaço em uma conversa para sugerir que ela procure a ginecologista, que ela leia um pouco sobre endometriose, busque ajuda!

Atualmente e especialmente em adolescentes ginecologistas estão autorizados a iniciar tratamento apenas com diagnóstico clínico, não é preciso esperar exames específicos e muito menos fazer cirurgia para começar a cuidar nessas pacientes. 

Esse arsenal de exames e cirurgia será necessário se o tratamento hormonal proposto inicialmente falhar. 
O mais importante é manter controles regulares dessas meninas, para que possamos manter sua qualidade de vida e sua fertilidade para quando e se quiserem ter filhos no futuro!

Grande abraço




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